Os preparativos pra mais uma Prova de Resistência do Cavalo Marajoara já estão sendo concluídos na cidade de Soure. Na manhã desta quarta feira, 17, os vaqueiros inscritos participaram da pesagem, que ocorreu no prédio da Prefeitura do Município de Soure na Ilha de Marajó. Eles tem a obrigação de pesar no mínimo 60 kg. Quem não atingir este peso fica automaticamente desclassificado. Um total de 65 vaqueiros estão inscritos para a prova deste ano, entre aqueles que utilizarão cavalos marajoaras e mestiços, para enfrentarem as temidas "terroadas" marajoaras durante dois dias, saindo da cidade de Cachoeira do Arari, na manhã do sábado, 27, após uma cerimônia que ocorrerá pelas ruas da cidade, onde os vaqueiros realizarão uma cavalgada logo nas primeiras horas do dia. Eles estarão homenageando um antigo vaqueiro cachoeirense falecido em 2011, Eribaldo dos Santos Pereira, conhecido na região como Gunga. A homenagem constará da inscrição de Gunga como participante da prova, numa referência a sua historia de vida voltada a cultura dos campos do Marajó.
O lendário vaqueiro Boaventura, ou Manuel dos Anjos Silveira, conhecida entidade dos campos do Arari, é a personagem simbolo do evento deste ano, numa referência a figura do homem marajoara. “Cada vaqueiro tem uma história pra contar de relação como esta entidade” diz Azevedo, coordenador da prova.
Ilson Junior da Silva Santos, 36 anos, vaqueiro conhecido como Jambada, participa da prova há 16 anos, e nunca conseguiu um primeiro lugar. Por três vezes chegou em segundo e este ano espera conquistar o tão almejado primeiro lugar. “Quero encerrar minha carreira com uma vitória nesta prova. Assim estarei realizando um sonho”. Para ele o momento mais complicado da prova é nos últimos quilômetros, saindo da fenda Bom Jesus para a o Campo de Fomento, onde esta a linha de chegada. “Esta parte do percurso é o mais difícil devido a mata fechada na margem da estrada reduzindo o vento, e o cansaço que já é muito grande tanto pra nós vaqueiros quanto para os cavalos”.
Serão 23 propriedades percorridas nos dois dias de percurso desde Cachoeira até a chegada na cidade de Soure. Uma prova que reúne toda a vivacidade dos vaqueiros e a resistência dos cavalos em terrenos hostis, muito acidentados e com pouca água nesta época do ano. O sol quente e o vento forte são obstáculos naturais enfrentados pelos conjuntos durante o percurso, promovendo o desgaste físico e psicológico.
A premiação em dinheiro ofertada pelos promotores da prova, é o principal atrativo, junto com a disputa entre os próprios vaqueiros, que cobiçam o titulo. Eles fazem questão de ostentar a condição de campeão da mais tradicional das provas de animais da região. Criada no ano de 1970 e repetida todos os anos durante a feira de exposição que, a quatro anos, passou a se chamar Marajó Búfalo Fest, promovendo Soure como a capital brasileira dos búfalos, pois é neste município onde concentra-se o maior rebanho bubalino do Brasil.
“Fazemos questão de resgatar e manter esta tradição que foi iniciada pelos grandes vaqueiros da nossa região, respeitados por todos nos hoje e referencia na relação com a nossa cultura e nossas tradições” afirma Azevedo.
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